segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Quem nunca sonhou com isso?

Criança não precisa sentir dor


Matéria da Revista JC (Domingo - 09.01.2011)

Primeiro analgésico feito para inalar do País promete abolir o incômodo e a ansiedade dos pequenos que se submetem a procedimentos curtos e superficiais, como curativos cirúrgicos

RIO – Ninguém gosta de sentir sequer um pouquinho de dor, já considerada o quinto sinal vital – ao lado da temperatura, do pulso, da respiração e da pressão arterial. Quando vivida principalmente por crianças, essa experiência desagradável vem com outras sensações molestadoras, como inquietação, ansiedade e irritabilidade. Bem sabem os especialistas que controlar um quadro doloroso na população infantil não é nada fácil, especialmente quando a medicação capaz de conter o transtorno precisa ser injetável – uma situação que geralmente suscita medo na garotada.

Como uma alternativa às injeções intravenosas que têm o poder de suprimir a dor, surge a primeira solução em analgesia inalatória no Brasil, apresentada recentemente em evento na capital carioca, pela Linde Healthcare, companhia especialista em gases medicinais. Graças a uma aspiração de uma mistura balanceada de 50% de oxigênio com 50% de óxido nitroso, é possível eliminar o incômodo em procedimentos dolorosos, de curta duração e superficiais.

“É simples e fácil de usar o composto. É só a criança respirar. A solução funciona também como ansiolítico, pois faz o paciente sentir pouca aflição durante um procedimento desagradável”, diz o médico Vaughan Thomas, do Southampton General Hospital, no Reino Unido. Mesmo diante de tanta facilidade, é importante destacar que essa terapêutica só deve ser administrada por profissionais da área médica, em hospitais e clínicas.

“Trata-se de uma analgesia praticamente imediata, já que a solução é absorvida em até três minutos”, informa o pediatra Andrea Messeri. Para dar detalhes sobre o uso do composto, ele cita as situações em que a analgesia inalatória pode ser usada: “Crianças que precisam se submeter a uma punção lombar, biópsia de medula, endoscopia e tratamento dentário podem se beneficiar com a mistura balanceada de 50% de oxigênio com 50% de óxido nitroso.

Ainda segundo Andrea, a solução também é indicada no caso de fraturas e nos cuidados ao paciente queimado. “A inalação ainda pode ser útil para aliviar a dor das crianças que precisam de curativos cirúrgicos e que estão como pacientes dos serviços de trauma e emergência.”

Vale frisar que vários países da Europa, como Alemanha, Suécia e França, já usam o composto, que não causa dependência. A solução, que recebe o nome fantasia de Livopan no Brasil, é fornecida em cilindros, com válvula integrada aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O kit traz também máscaras faciais descartáveis e um circuito de fluxo livre e constante. Por serem leves, os cilindros facilitam o manuseio, transporte e operação, o que possibilita a disponibilidade em ambiente hospitalar e em clínicas.

Além disso, a válvula integrada apresenta uma pressão constante e baixa, com fluxo graduado de acordo com o tratamento. “Outro diferencial é que o composto pode ser usado em combinação com outros agentes analgésicos, que podem ter suas dosagens diminuídas se administrados com a mistura balanceada de 50% de oxigênio com 50% de óxido nitroso”, garante Andrea Messeri. Ele chama atenção para os efeitos colaterais. “São mínimos e não interferem no procedimento. Entre os contratempos controláveis que podem aparecer, estão boca seca, desorientação, tontura e náusea.”

No País, a expectativa é que o composto passe a ser usado na área estética, já que o medo da dor é obstáculo para muitos procedimentos realizados por cirurgiões, dermatologistas e médicos de outras especialidades. Dessa maneira, a solução também poderá ser benéfica para quem se submete a preenchimento de lábio, lifting facial, microcirurgia de varizes e aplicação de toxina botulínica.

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